Programa estimula retorno de produtores à atividade leiteira no Sul de Minas


BELO HORIZONTE (16/09/11) - O Programa Estadual da Cadeia Produtiva do Leite, o Minas Leite, criado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), atende atualmente a 880 fazendas da agricultura familiar no Estado. “Até o final do ano, este número deve subir para mil, contando inclusive com a expansão do programa na região Sul, onde 70 fazendas já participam”, informa o coordenador do Minas Leite pela secretaria, Rodrigo Puccini Venturin.

De acordo com o coordenador, o Minas Leite deverá contar com a adesão de mais 30 propriedades da região até dezembro. A previsão, segundo Venturin, “é animadora, porque a adesão dos agricultores familiares ao programa no Sul de Minas, região historicamente vinculada ao café, mostra que não existem limites para a difusão das boas práticas na atividade leiteira, atualmente espalhada por todo o Estado”.

Venturin acrescenta que a atuação dos extensionistas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), vinculada à secretaria, tem garantido excelentes resultados ao Minas Leite. “Os técnicos orientam os produtores para adoção de práticas de baixo custo para o aumento da produção e a melhoria da produtividade de acordo com normas de preservação ambiental. A busca da sustentabilidade tem grande importância na atividade leiteira, assim como nos demais segmentos da produção agropecuária”, enfatiza.

De acordo com o coordenador técnico regional da Emater em Alfenas, Marcelo Martins, alguns agricultores familiares da região Sul tiveram mais facilidade para aderir ao Minas Leite, porque os técnicos prestavam assistência à propriedade. Neste município, bem como em Guaxupé e Passos, os produtores já utilizam piquetes sobre as áreas de pastagem.

Piquetes são áreas cercadas sobre o pasto, localizadas nas proximidades do local de ordenha, onde os animais se alimentam com o complemento de cana-de-açúcar produzida preferencialmente na própria fazenda. Os animais fazem um rodízio entre os piquetes, permitindo a recuperação e a disponibilidade de pasto por um longo período. “Os animais têm, nessas áreas, menos necessidade de alimentação suplementar (ração), o que possibilita a redução de custo. Além disso, o uso alternado dos piquetes possibilita a recomposição das pastagens”, explica o coordenador.

Segundo Martins, por meio do Minas Leite, os produtores estão aderindo também ao Sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), que permite o rodízio dos cultivos e a produção sustentável. “Outra prática consiste no preparo do complemento da ração dos animais com produtos de baixo custo, encontrados na propriedade. E no caso de produtos que devem ser buscados fora da fazenda, os técnicos ajudam na orientação das compras”, acrescenta.

Pastagens mais ricas

No município de Boa Esperança, a extensionista Tatiane Abraão tem orientado diversos produtores que apostam na possibilidade de aumento da renda adotando práticas do Minas Leite. “Eles são atraídos, sobretudo, pela possibilidade de utilização de tecnologias de baixo custo que aumentam a produção e melhoram a produtividade. Além disso, a atividade está mais organizada”, ressalta a técnica.

O produtor Carlos Alberto Lima diz que desde a adesão ao programa, em 2009, sua propriedade, a Fazenda Mata do Paiol, registrou aumento da produção diária por vaca, de nove para 14 litros de leite. “A principal intervenção, que resultou nesse crescimento de 55,5% da produção, foi a melhoria das pastagens”, explica.

Na propriedade são produzidos a cana e o milho por meio de cultivos integrados. “A primeira colheita de milho dentro do sistema de integração alcançou uma produtividade excelente”, informa o agricultor.

Lima ainda informa que, a partir de outubro, a fazenda contará com 15 piquetes construídos sobre seis hectares de pastagem. “Por isso, estamos apostando na contínua expansão da produção leiteira na propriedade”, finaliza.

Exemplo que convence

Os resultados das propriedades que já adotam as práticas do Minas Leite na região Sul estão servindo de estímulo e há registro de agricultores que reassumem a atividade, porque agora acreditam na possibilidade de obter renda e melhorar a vida.

Carlos Alberto Lima afirma que os resultados obtidos por sua propriedade foram decisivos para o retorno do irmão Alexssandro Caetano ao município e à produção rural. “Ele está iniciando a produção própria de leite com base nas recomendações do programa, para obter um volume crescente e de qualidade com baixo custo”, explica.

Já o agricultor Paulo César Ribeiro, da Fazenda Palmeiras, no município de Córrego Fundo, informa que convenceu o irmão Marcos Vinícius a retornar à produção de leite na propriedade, mostrando os resultados de quase quatro anos do programa.

“Quando incluímos a fazenda no Minas Leite, a produção era inferior a 10 litros/dia. Três anos depois, com um pequeno aumento do plantel, o volume aumentou para 180 litros/dia. Atualmente, com 45 vacas, obtemos uma produção diária de 500 litros, sendo uma parte destinada à produção de 63 quilos de queijo por dia”, finaliza Ribeiro.

Os agricultores familiares interessados em aderir ao Minas Leite devem fazer sua inscrição em uma das unidades da Emater-MG.

Fonte: Agência Minas

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A APAS é uma associação de produtores que investem no ramo da cafeicultura com plantio no alto da serra de São Gonçalo do Sapucaí no distrito dos Ferreiras - MG